Qual deve ser a frequência de pesagem do gado?

Resumo

A pesagem do gado é primordial para que você possa ter maior segurança nas tomadas de decisões em fazenda. O peso de cada animal é a unidade mínima de avaliação da eficiência produtiva na sua fazenda, o que permitirá acompanhar o crescimento, ganho e perda de peso do rebanho, conforme falamos no artigo sobre “Por quê devo fazer pesagem animal?”.
Contudo, ao ultrapassarmos a barreira da necessidade da pesagem dos animais, surge um novo gargalo: – qual deve ser a frequência de pesagem desses animais? – qual frequência de pesagem é a mais correta? E para além disso, será que existe uma frequência padrão de pesagem do gado? 
Neste artigo vamos discutir os principais pontos a serem considerados antes de definirmos qual deve ser a frequência de pesagem do gado, e como essa frequência pode impactar de forma exponencial no lucro de sua fazenda. 

Frequência de pesagem – Tecnologia de processo para boas tomadas de decisão!

Já é claro e evidente que a pesagem do gado é uma das tecnologias de processos mais simples de serem realizadas na fazenda, mas que possui papel primordial para as tomadas de decisões, pois os dados gerados nesse processo livram o pecuarista do empirismo do “olhômetro” na gestão do rebanho, permitindo avaliar quais estratégias utilizar para cada animal, lote ou rebanho. 

Independente de qual tecnologia você irá adotar para realizar a pesagem dos animais, desde fitas métricas até as balanças de passagem, o seu uso permitirá ter maior segurança na geração de dados, conhecimento estratégico, planejamento, gestão descomplicada, análise de oportunidades de seu rebanho, resultando na otimização dos diferentes manejos nutricionais e de aparte dos animais. 

Lembre-se que para a cultura da pecuária de decisão, as ferramentas tecnológicas devem coletar os dados, integrar o ambiente pecuário, gerenciar e mensurar seus resultados, criando valor e segurança para suas tomadas de decisões. 

Contudo, apesar de todos os pontos positivos descritos acima, a intensificação do número de pesagem dos animais pode ter alguns pontos negativos para sua realização nas fazendas, gerando resistência pelos pecuaristas, pois demanda maior manejo do rebanho, resultando em maior estresse dos animais, quebra do ganho de peso dos animais e custos com mão-de-obra. 

Diante desse contexto, surge a discussão sobre qual seria a frequência ideal de pesagens do gado que permita aproveitar de forma equilibrada essa tecnologia de processo, sem que isso resulte em prejuízos ao pecuarista do ponto de vista econômico, ganho de peso e de bem-estar dos animais. 

Para te ajudar nessa decisão, nós vamos trazer 5 pontos a serem analisados de forma criteriosa antes de definirmos qual será a frequência de pesagem dos animais. Lembre-se que quando temos o conhecimento estratégico da fazenda, conseguimos ter decisões mais acuradas para maximizar a rentabilidade de nosso negócio.

Quais os 05 pontos importante antes de decidir a frequência de pesagem do gado?

A pecuária é uma atividade complexa, por isso demanda que o pecuarista faça constantes análises de cada manejo a ser realizado na fazenda. A pesagem do gado, apesar de ser uma tecnologia de processo simples, não quer dizer que você não precise analisar diferentes fatores antes de tomar a melhor decisão. Diante disso, nós vamos trazer aqui 5 pontos que te ajudarão a tomar a melhor decisão sobre qual será a frequência de pesagem do gado em sua fazenda.

1 – Considerar a homogeneidade do lote. 

Quando falamos em pecuária de corte, a homogeneidade do lote é palavra de ordem, pois lotes homogêneos significa que temos animais do mesmo sexo, com pesos próximos, tamanho semelhante e com grau de terminação parecidos. As vantagens de termos um lote homogêneo é a possibilidade de diminuir a competição por recursos e facilidade de venda uniforme. 
Mas qual a relação da homogeneidade do lote com a frequência de pesagem dos animais? 
Quando há uma maior homogeneidade do lote é mais difícil identificar o “boi ladrão”. Isso ocorre, pois a diferença de peso dos animais de lotes homogêneos é muito pequena, sendo afetada, na sua maior parte, pela variação do peso do conteúdo ruminal. Diante desse fato, o pecuarista deverá realizar um maior número de pesagens para conseguir identificar esse “boi ladrão”. Identificar esses animais que comem muito é vital para a lucratividade da fazenda. Por exemplo, se você tem dois animais com valores iguais para taxa de lotação, peso de entrada, valor de compra, peso de abate, rendimento de carcaça e valor de venda, mas com diferença de 40 g de ganho médio diário e o tempo do ciclo diferente entre os animais, traz uma diferença de R$76,00 de diferença no desembolso/animal

2 – Manejo na pesagem do gado.

O manejo inadequado da pesagem pode ser estressante para os animais, afetando diretamente no bem-estar e na produtividade, com impacto na perda de peso. Um manejo mal realizado no momento da pesagem resulta no que chamamos de “quebra do peso”, que pode demorar dias para ser recuperado. Por isso, a avaliação das práticas de manejo é uma forma de garantir qualidade de vida aos animais e ainda evitar prejuízos. 
Diante desse fato, quais atitudes devemos ter para minimizar esse problema? Lembre-se que o peso do animal é a sua unidade mínima de análise em sua fazenda, ou seja, é um dado crucial para sua fazenda. Assim, algumas medidas básicas devem ser aplicadas como treinamento sobre manejo racional para os manejadores – ação que eliminará agressões, choques, espetos, o que provoca medo nos animais. Além disso, realizar o planejamento prévio das atividades que serão realizadas no dia da pesagem do gado – o que permitirá otimizar o manejo dos animais. O estresse dos animais e perda de peso dos animais dos animais serão menores durante a pesagem, o quão menores forem os problemas durante esse processo.

3 – Disponibilidade de mão-de-obra.   

A mão-de-obra é um gargalo quando falamos sobre manejo dos animais na fazenda, pois o custo e qualidade da mão de obra que irá definir a eficiência produtiva da fazenda. No caso da frequência das pesagens, a mão-de-obra é fator balizador do número de vezes que ocorrerão as pesagens, principalmente em sistemas mais tradicionais de manejo. Por isso, dois pontos devem ser considerados nesse tópico.
O primeiro ponto é o tipo de balança que está sendo utilizada na fazenda. As balanças que permitem a pesagem dinâmica, no caso as balanças de passagem, demandam um menor quantitativo da mão-de-obra da fazenda, devido ao seu maior incremento tecnológico, ao contrário das balanças mais “tradicionais”. É importante ressaltar que no caso de balanças de passagem móveis, o pecuarista deve considerar o custo da mão-de-obra para o deslocamento dessas balanças. 
O segundo ponto é o custo da mão-de-obra por hora trabalhada no curral, quando falamos em sistemas que utilizam sistema de pesagem convencional. Quanto maior o tamanho do rebanho e o número de pesagens, maior será a necessidade de mão-de-obra e, consequentemente, maior será o custo do manejo. 
Para resolver esse tópico, o pecuarista deve verificar a relação do lucro em realizar um maior número de pesagens dos animais e os custos com a mão-de-obra para esse manejo. 

4 – Combinação de manejos dos animais. 

Para que possamos ter maior eficiência no uso dos recursos da fazenda, os diferentes manejos são realizados de forma conjunta, na medida do possível. Por exemplo, no momento da pesagem é realizado também a vermifugação, vacinação ou outro manejo que depende da contenção dos animais no brete. Por isso, o ideal é que diferentes manejos de curral sejam feitos de forma conjunta, o que diminuirá os problemas de estresse do animal e “quebra” do peso. 

5 – Eventos externos. 

Outro ponto a ser considerado é variação climática da região. Pode parecer um ponto não tão importante, mas a presença de barro, lama no corpo ou animais molhados podem influenciar o resultado da pesagem dos animais. Por isso, o manejo de pesagem do gado deverá ser realizado em dias sem chuva, o que eliminará esse problema. 
Todas essas variáveis paralelas à pesagem devem ser analisadas no momento de definir o número de pesagem dos animais na fazenda. 
A partir dos pontos descritos, percebe-se que para fazer parte da nova pecuária, o pecuarista deve ter uma visão estratégica de ponta a ponta de todos os manejos realizados dentro da porteira. Além disso, a facilidade e acurácia na tomada de decisões críticas, a capacidade de se antecipar aos riscos, e a otimização de resultados operacionais e financeiros (receita e lucro) se tornam características primordiais para que ele possa realizar a produção do número de arrobas na fazenda, com foco na entregar de produtos de qualidade para o mercado.
A determinação da frequência de pesagem entra como um importante balizador para trazer a maior efetividade do uso da tecnologia de pesagem dos animais para atingir a máxima lucratividade. Para que você possa ter maior segurança nesse e outro tópicos referentes a tomada de decisão de sua fazenda, a BovExo está fortemente comprometida em trazer o que há de mais atual em tecnologias de otimização e conhecimento zootécnico para que você possa analisar todas variáveis, comparar cenários e chegar na melhor decisão possível, chegando a máxima rentabilidade.

Pra que você possa simular as frequências de pesagem de sua fazenda, acesse o link abaixo para baixar o simulador “análise da frequência de pesagem dos animais”. Veja os principais pontos a serem considerados antes de definirmos qual deve ser a frequência de pesagem do gado, e como essa frequência pode impactar o lucro de sua fazenda.

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Autor:

João Costa jr

João Costa jr

Dr. em Zootecnia - BovExo

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