Lotação rotativa ou contínua, qual a melhor decisão? 

Resumo

O manejo de pastagens de forma eficiente é o caminho para uma pecuária lucrativa e sustentável. Isso é um fato! Contudo, quando partimos para a escolha do método de pastejo, as comparações aparecem, levando o pecuarista a questionar qual é o melhor método a ser adotado. 

O presente artigo explica os principais pontos a serem considerados para que você tenha a melhor tomada de decisão na escolha do método de pastejo para sua fazenda.

– O que é o pastejo rotacionado e contínuo?

A comparação entre dois métodos de pastejo pode parecer algo fácil de se fazer, ou seja, o melhor é aquele que me traz os melhores resultados produtivos, mas a coisa não é bem assim. Antes vamos entender melhor esses dois métodos que são amplamente utilizados na criação de bovinos a pasto. 

A lotação contínua é caracterizada pela presença contínua e irrestrita dos animais em uma mesma área durante todo o ano ou durante uma estação de pastejo (águas ou seca). Já a lotação rotativa é caracterizada pela subdivisão das pastagens e utilização de cada piquete por um tempo limitado (período de ocupação), seguido de um período de descanso.

Figura 1 – Exemplo de lotação contínua e rotativa.

A lotação contínua, tradicionalmente tem sido vinculada como método de baixo desempenho animal, basicamente por estar associada a sistemas extensivos, degradados ou mal manejados, uma visão extremamente errônea sobre esse método de pastejo, pois pode entregar resultados semelhantes ou até superiores ao rotativo quando se trabalha com taxas de lotação de leve a moderada (Figura 2).

Figura 2. Relação entre ganho por animal e taxa de lotação nos métodos
de pastejo sob lotação contínua e rotativa (Riewe, 1985).

– Quais as vantagens de cada método?

Ambos os métodos de pastejo possuem vantagens e desvantagens. A lotação contínua é um método tido como aquele que melhor possibilita ao animal selecionar o seu alimento, o que resulta em maior desempenho animal que aqueles verificados no rotativo. Todavia, em função da seletividade, pode surgir áreas com desuniformidade do pastejo (super e/ou sub pastejo), podendo ser evitadas desde que, a taxa de lotação seja variável, principalmente com o objetivo de controlar a estrutura do pasto (altura) e reduzir a heterogeneidade do pastejo.

Figura 3 – Vantagens e desvantagens de cada método de pastejo.

Pastos submetidos à lotação contínua, possuem uma faixa ótima de altura de manejo que pode ser utilizada, podendo ser ultrapassada a depender do objetivo, caso seja maior desempenho por animal ou maior produção por área (Figura 4). A distância da fonte de água também pode influenciar o desempenho de animais em lotação contínua, isso porque, os animais tendem à não frequentar distâncias acima de 500 metros do bebedouro ou da fonte de água, quando frequentam, gastam muito tempo se locomovendo e não consomem o necessário, resultando em áreas com desuniformidade do pastejo. 

Figura 4. Relação entre a altura do dossel (cm) de forrageiras tropicais,
ganho médio diário (kg/dia) e (b) ganho de peso por área (kg / ha) de bovinos
de corte em regime de lotação contínua (Adaptado de Costa et al. (2021)).

Já a lotação rotativa possibilita maior capacidade de suporte (maior lotação), eficiência de pastejo e produção por área, porém reduz a capacidade de seleção, o que limita o desempenho animal. O rotativo requer maiores investimentos em relação ao contínuo, mas permite o uso de animais de diferentes lotes, vedação de áreas para diferimento e para silagem. Além do mais, permite um bom controle da produção e da qualidade do pasto, desde que, respeitado a altura de entrada e saída (Figura 5).

Figura 5. Relação entre intensidade de desfolha (%) de forrageiras tropicais,
ganho médio diário (kg/dia) e (b) ganho de peso por área (kg / ha) de bovinos
de corte em regime de lotação rotativa (Adaptado de Costa et al. (2021)).

A escolha do método de pastejo, qualquer que seja, requer controle sobre a altura da planta. Portanto, o manejo do pasto por altura se torna a principal ferramenta de sucesso do método de pastejo. Além disso, independente do método, o principal objetivo do sistema é obter lucro, sendo assim, o método deve ser operacionalmente viável proporcionando maior lucratividade e redução de riscos. 

Contudo, há muitos fatores a serem analisados para a escolha do melhor método de pastejo para seu contexto de produção. Diante disso, torna-se essencial adotar ferramentas tecnológicas que analisem todas as variáveis e compare cenários, chegando ao método de pastejo que se encaixe na sua realidade, pois ambos, desde que bem manejados, trazem ótimos resultados. 

Nesse caso, a BovExo consegue atender a sua dor, pois entre as suas diversas funcionalidades, há a função “estado dos pastos”, que permite a avaliação do estado das áreas dos pastos dos últimos 15 dias e os próximos 30 dias, levando em consideração, o tamanho da área do piquete, a forragem manejada, a climatologia, a estratégia de dieta de cada lote e a taxa de lotação. Com o auxílio desta ferramenta, você poderá tomar a melhor decisão do momento ideal de saída e de entrada dos animais nos piquetes e qual tipo de método de pastejo mais adequado para eles. 

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– Referências bibliográficas

RIEWE, M.E. Manejo del pastoreo fijo o variable en Ia evaluación de pasturas. ln: LASCANO, C.; PIZARRO, E. (ed.). Evaluación de pasturas con animales. CIAT, 1985. p. 61-84.

Costa, C.M. et al. Grazing intensity as a management strategy in tropical grasses for beef cattle production: a meta-analysis. Animal, vol. 12, Issue 1, 2021. 

Autor:

Angel Amaral Seixas

Angel Amaral Seixas

Dr. em Zootecnia e Consultor em Forragicultura e Pastagens.

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