Imagine um mundo onde, assim que você nasceu, foi colocado juntamente com todas as pessoas de seu convívio, família, vizinhos, amigos, dentro de uma caverna, algemado, e virado para o fundo desta caverna. Sem qualquer possibilidade de você ou qualquer outra pessoa se virar ou se libertar das correntes, durante toda a sua vida, tudo o que você conseguiu ver foi apenas sombras projetadas no fundo desta caverna para onde você conseguia olhar. Nem você e nem ninguém, durante toda a vida, sequer puderam supor que, às suas costas, havia uma saída desta caverna. Tampouco que, lá fora, existia qualquer outra coisa que não as sombras projetadas por esta realidade externa.
Um belo dia, por alguma razão, você consegue se libertar das correntes, se virar, e decide sair da caverna em direção ao mundo exterior. Num primeiro momento, a luz que você sente, por ser a primeira vez na vida, é desagradável. Você não gosta. Doem os olhos. Mas ao caminhar mais um pouco e vencer a desagradável descoberta da luz, você nota que, lá fora, existe um mundo jamais imaginado: pessoas, pássaros, natureza. Na verdade, conclui que as sombras que você sempre viu e imaginou ser a realidade, na verdade, não passavam de uma projeção do que acabou de descobrir.
Absolutamente surpreso e ao mesmo tempo encantado, você resolve voltar para a caverna para contar com entusiasmo a grande descoberta a todos os demais, na expectativa de que os mesmos também possam ver que, o que existe lá fora- diferentemente do que eles sempre imaginavam, não é apenas sombra. Você mal consegue esperar para contar a novidade e já imagina a cara de felicidade dos demais ao saber desta nova realidade. Porém, para a sua surpresa, assim que conta, ninguém acredita. Mais do isso: se irritam com o absurdo que você está contando e passam a te tachar de louco. Agora, surpreendentemente, você está em sérios apuros, correndo o risco até de ser expulso, vez por todas, da caverna.
Este exercício de imaginação, apesar de parecer absurdo, é nada mais do que a Alegoria da Caverna, descrita no Livro 7 da República de Platão. Nesta alegoria, Platão nos faz refletir sobre o fato de que, porque não tivemos oportunidade de conhecer a realidade como ela é, supomos que a realidade seja apenas a projeção do que, até então, pudemos conhecer. Neste caso, a sombra.
E o que tal alegoria nos faz refletir? Será que, dentro de nossa fazenda, o que temos visto, até então, em grande parte, não são apenas sombras? Será que estamos dispostos a quebrar a corrente que nos aprisiona e nos faz acreditar que tudo o que sabemos é o melhor que podemos alcançar, ignorando a chance de sermos iluminados por uma realidade muito melhor, e lucrativa? Ou será que, mesmo já tendo imaginado que existe um mundo diferente “lá fora”, nos mantemos calados para não sermos expulsos da tribo?
Nós, da BovExo, convidamos você para, juntos, fazermos esta jornada para fora da caverna.